quinta-feira, fevereiro 02, 2006

A Economia e o Crescimento

Muito se tem escrito nos últimos meses sobre o crescimento econômico do Brasil, que em 2005 perdeu posições frente a Índia e a China.
O menor crescimento entre os países ditos "emergentes" vem sendo atribuído às taxas de juros praticadas no Brasil pelo Banco Central. Nenhuma explicação consistente é apresentada para essas taxas, frisando-se sempre que estariam relacionadas à meta de inflação. Igualmente nenhuma explicação sobre o porque das metas dos ultimos anos, apenas e vagamente, aqui e ali, diz-se que o maior crescimento que o Brasil poderia ter sem um impacto inflacionário seria de 3,5% e que tal crescimento estaria ligado a um vago, na idéia e na explicação, PIB potencial.
PIB potencial é na realidade o crescimento possível sem que esse crescimento provoque inflação. Em princípio a meta de inflação, em percentuais, deveria ser igual a esse crescimento em percentuais. A taxa de juros deveria ser, pelo menos em princípio, aquela que determinaria a taxa de crescimento da economia de modo a respeitar tanto o crescimento possível estimado quanto a inflação previamente determinada.
Não parece ser isso o que está ocorrendo, daí alguns comentaristas afirmarem que o BC "errou a mão".
O que é preciso deixar claro é que a inflação é o resultado do excedente de dinheiro em circulação sem o correspondente consumo. Como a economia, por menos que se queira, é o resultado de uma série de fatores em equilibrio ou não, qualquer ação de politica fiscal ou monetária resulta em maior ou menor equilíbrio.
Não é possível combater a inflação em regime de desemprego e conseguir crescimento econômico expressivo ao mesmo tempo, ou um ou outro. Para combater a inflação com desemprego é necessário adequar a produção ao mesmo nivel da massa de dinheiro resultante dos salários pagos, que é o que vai determinar o consumo.
O numero de ricos no Brasil, aqueles que não dependem de salário para o seu consumo, é muito pequeno, aliado ao fato econômico de que o consumo dos ricos é naturalmente inelástico, ou seja, a partir de uma determinada quantia o consumo não cresce, sendo o excedente, em dinheiro, direcionado para o investimento.
Para que haja crescimento economico são necessários o investimento e o consumo, quando ambos crescem a economia cresce.
Como no Brasil o consumo é baixo, os salários igualmente baixos e o desemprego alto, não há estimulo para o investimento, daí a consequente pratica de taxas de juros elevadas. Tais taxas se justificam, ou se explicam, uma vez que entre a alternativa de investimento em produção de retorno duvidoso, face ao baixo nível de consumo, e a aquisição de títulos do governo, remunerados a taxas atraentes, a opção óbvia é pelos títulos do governo, a chamada dívida interna. Ao adotar a pratica de cambio flutuante e a livre circulação de moedas o Ministério da Fazenda e o BC certamente se prendem a uma poítica de juros elevados, de modo a evitar a evasão de divisas, ou seja, dinheiro.
No proximo artigo veremos as implicações do PIB potencial.