quinta-feira, maio 04, 2006

Vantagem Competitiva / Risco Ambiental

Há um consenso entre os diversos centros de conhecimento que se dedicam ao estudo sobre energias líquidas renováveis como alternativa ao combustível fóssil, quanto às dificuldades em estabelecer orçamentos realistas de energia.
O uso da terra para a produção de combustíveis implicaria um desflorestamento cujos custos são impossíveis de calcular, dada a redução da capacidade natural no sequestro de carbono. O que os estudos sobre energias líquidas renováveis vem demonstrando é que a energia consumida para a produção de combustíveis líquidos é maior do que a energia produzida pela combustão desses produtos.
No caso do hidrogênio a questão é igualmente grave. O hidrogênio livre não existe na natureza. Não é uma fonte de energia, mas sim um condutor. O hidrogênio livre hoje produzido é obtido a partir do gas natural. Se obtido a partir da àgua, para cada unidade de hidrogênio são necessárias 1,3 unidades de eletricidade.
A recente nacionalização das reservas de petróleo e gás por parte da Bolívia, excluídas eventuais motivações políticas, coloca em destaque a questão do preço a ser pago pelo gás boliviano.
O valor do gás está obviamente associado ao preço do petróleo. Comunicado da Petrobras informou, recentemente, ter o Brasil alcançado a auto-suficiência na produção de petróleo. Por questões ligadas à qualidade do óleo extraído pela Petrobras, o Brasil continua dependente da importação do óleo diesel.
O combustível líquido, conhecido como biodiesel, pode ser obtido a partir da soja, girassol, mamona e palma. Começam a ser conhecidos os custos ambientais da expansão do cultivo da soja e da cana de açucar, este último já utilizado na produção de combustível líquido pelo Brasil.
Na bacia de Santos tem início a exploração de gás natural, disponível para o consumo interno dentro de alguns poucos anos.
No caso do gás boliviano as vantagens competitivas estão com o Brasil. É o maior consumidor, em torno de 2/3 do gás extraído, detem a tecnologia para a extração e para o processamento do gás necessário para a sua disponibilização através de gasoduto, de propriedade da Petrobras, é o proprietário intelectual dos processos utilizados pelas refinarias ora nacionalizadas e, ainda, o maior fornecedor de óleo diesel, resultante do refino do petróleo extraído na Bolivia. Pesa contra os interesses do Brasil o fato de não terem sidos, ainda, esclarecidas as diretrizes a serem adotadas pelo governo boliviano quanto ao preço a ser cobrado pelo gás enviado para o Brasil.
Como a Petrobras repassa para o preço interno dos combustíveis os preços internacionais do petróleo, é de se esperar que faça o mesmo com o gás extraído da bacia de Santos.
O mercado de carbono, implementado pela BM&F em agosto de 2005, vem sendo pouco explorado, ao tempo em que a floresta amazônica, o Cerrado e agora a Caatinga, estão sob forte impacto ambiental resultante do cultivo desordenado da soja. Estes ecossistemas constituem um patrimônio de valor muito superior aos ganhos com o uso do gás, boliviano ou brasileiro, mas o seu uso é um tempo a mais enquanto a questão ambiental e o mercado de carbono não adquirem a importância necessária nos debates nacionais.