domingo, março 05, 2006

Decisão 19/CP9. - Florestamento e Reflorestamento

Este é o documento que estabelece as modalidades e procedimentos para as atividades de projetos de florestamento e reflorestamento no âmbito do mecanismo de desenvolvimento limpo, para o primeiro período do Protocolo de Quioto. De extrema importância, talvez seja o de mais difícil implementação.
A troca de carbono ocorre naturalmente entre os diversos ecosistemas e a atmosfera através da fotossíntese, da absorção, da decomposição e da combustão.
O que vem ocorrendo, em função do previsível esgotamento das reservas de combustíveis
fósseis, é o estímulo ao uso dos biocombustíveis, cujas principais alternativas são o etanol, através do milho e de madeiras, do alcool da cana de açúcar e dos óleos de palma e de soja. No Brasil inicia-se o aproveitamento da mamona. Todas essas alternativas requerem o uso continuado e intensivo de áreas de terra cada vez maiores.
O governo britânico anuncia a meta do uso de 5% de biocombustíveis até o ano de 2010. Também cresce o interesse no uso deste tipo de combustível em centrais termoelétricas.
Estudos desenvolvidos nas universidades de Cornell e de Berkeley vem demonstrando que não há benefício energético em utilizar a biomassa de plantas para produzir combustíveis líquidos, uma vez que, em termos equivalentes, a energia necessária para a produção do combustível é maior que a energia conseguida através desses combustíveis.
Já no caso da energia elétrica, essa pode ser conseguida em centrais que utilizem a biomassa produzida por florestas. Com o recolhimento desta biomassa, a ser feito de forma organizada e ordenada, é possível não apenas a geração de energia elétrica, mas também a redução do efeito estufa causado pelos incêndios descontrolados em florestas, e ainda a criação de áreas de desenvolvimento sustentável em regiões economicamente deprimidas.
No Brasil, o cultivo da soja e da cana de açúcar avança sobre a região do Cerrado, enquanto o cultivo da mamona inicia-se com o uso de terras nas áreas da Caatinga, ao mesmo tempo em que áreas cada vez maiores da florestas vão sendo queimadas para abertura de pastos para o gado bovino, na primeira fase, e o cultivo de soja a seguir.
O Cerrado e a Caatinga são grandes biosistemas absorvedores de carbono e responsáveis por uma grande estocagem deste gás. Na medida em que são transformados em campos para a monocultura da soja, da cana de açúcar e da mamona afetam diretamente o processo de mudança do clima, sendo que no caso da cana de açúcar as queimadas que antecedem a colheita agravam o efeito estufa, pela quantidade de carbono liberada, superior à que poderá ser minorada com o uso do combustível resultante do seu uso (uso do alcool).
As áreas do Cerrado e da Caatinga perdidas para a monocultura, inicialmente áreas de estocagem de carbono, é conveniente repetir, podem ser compensadas pelo florestamento de espaços de terra que históricamente continham florestas e que para usos diversos foram convertidas em áreas desmatadas. Isso é possível observar em toda a região da Mata Atlântica, a mais densamente ocupada e explorada pela atividade humana.
Em condições naturais a Mata Atlântica é, através de sua floresta, grande produtora de biomassa, a mesma que pode ser utilizada na geração de energia elétrica por meio das usinas termoelétricas.
Há um forte interesse do IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change por essa questão expresso no relatótio especial "Land Use, Land-Use Change, and Forestry (Uso da terra, mudança no uso da terra e florestamento), no qual são abordados os diversos aspectos da questão, como o ciclo global do carbono, a contabilização, os métodos de medição e monitoramento e o pontecial de desenvolvimento sustentável.