segunda-feira, junho 26, 2006

O Desmatamento da Amazônia

O "arco do desmatamento" compreende a área situada entre o sudeste do Estado do Acre que se estende até o sudeste do Estado do Maranhão. 70% do desmatamento ocorreram nos estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia.
O principal responsável por este desmatamento é a pecuária. Levada pela disponibilidade de terras baratas a pecuária avança pela Amazônia, deixando em sua retaguarda enormes extenções de terra em estado de degradação. No Estado de Mato Grosso entre 12 e 15 milhões de hectares encontram-se abandonados. Nos estados amazônicos, segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as áreas produtivas não-utilizadas nos projetos agropecuários são de 29,6% no Maranhão, 21% em Mato Grosso, 20% no Pará e 18,9 no Tocantins. Tal abandono deve-se à baixa rentabilidade da pecuária na região.
Em conjunto com a pecuária avançam as culturas mecanizadas de soja, devido à topografia plana e às condições do clima aliadas à demanda crescente pela soja.
Um terceiro fator em importância neste desmatamento é a exploração madeireira não sustentável, que chega hoje a 90% de toda a madeira extraída da floresta amazônica. Esta atividade, especialmente negativa, é realizada de forma intensiva e sem práticas de manejo, o que torna a floresta altamente vulnerável ao fogo devido ao aumento da biomassa seca. Nas queimadas que se seguem, para abertura de pastagens ou pelo uso irregular da terra, uma parte considerável de madeira de alto valor econômico é consumida pelo fogo. Também aqui a produção de carvão vegetal se faz presente.
Como fatores adicionais no desmatamento incluem-se a "grilagem" de terras públicas e os assentamentos rurais.
Grilagem é o nome que se dá às transações fundiárias ilegítimas, que, na Amazônia, ocorrem em função da garimpagem ilegal de madeira, de interêsses políticos-eleitorais, em que vale a promessa de concessão futura de lotes a posseiros, e da expectativa da realização de grandes obras de infra-estrutura, bem como de projetos mineração.
Os assentamentos rurais na região são priorizados pelo INCRA - Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e por órgãos fundiários estaduais. Em geral desconsideram as características naturais da área, tais como: aptidão agrícola; topografia; drenagem; flora e fauna. Destes assentamentos resultam precárias condições de sobrevivência, o que leva muitos dos assentados a abandonar suas áreas em busca de emprego ou de terras em novas frentes de ocupação na Amazônia. A característica destas áreas tem sido a agricultura itinerante e a pecuária extensiva, o que leva ao consequente aumento do desmatamento.
As queimadas, quase sempre de forma descontrolada, são utilizadas repetitivamente para a remoção da vegetação secundária, nas áreas de pastagens mal manejadas, e da biomassa seca para a prática de algum tipo de agricultura. Os resultados são conhecidos: destruição do solo; redução dos recursos hídricos; emissão de carbono (CO2).