segunda-feira, junho 12, 2006

Projeções do Agronegócio Brasileiro

A Assessoria de Gestão Estratégica do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, disponibilizou o documento "Projeções do Agronegócio: Brasil.
Segundo a AGE-MAPA, cabe a esta assessoria responder a algumas questões: "a) como se comportará a demanda mundial por produtos do agronegócio, incluindo alimentos; b) identificação de oportunidades de inserção do agronegócio brasileiro, neste cenário mundial e c) estabelecimento de políticas públicas e ações de gestão com efetividade para a concretização destas oportunidades".
Ressalte-se que no item a) consta o complemento "incluindo alimentos".
O documento informa tratar-se de projeções "num horizonte de 10 anos (2005-2015) e acrescenta: "Saliente-se ainda que estas projeções não são estáticas, mas deverão sofrer revisões periódicas, notadamente quando houver mudanças significativas no ambiente externo."
O PNPB - Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (Lei No 11097 de 13/01/2005) introduz o biodiesel na matriz energética brasileira um ano antes desta "Projeções do Agronegócio: Brasil".
A abordagem prospectiva da AGE-MAPA vale-se de dados divulgados, entre outros, pelos FABRI - Food and Agricultural Police Research Institute e IFPRI - International Food Policy Research Institute. Dos produtos incluídos no Projeções do Agronegócio:Brasil, somente a soja, segundo o PNPB, é produto base para a produção de biodiesel. O Brasil não utiliza o milho como matéria-prima do etanol, ambos abordados no documento da AGE-MAPA.
Soja.
De acordo com a AGE-MAPA, o FABRI projeta para o Brasil uma produção de 95 milhões de toneladas em 2014/2015, resultante da expansão da área de cultivo, conversão de pastagens, aumento de produtividade e melhores alternativas de transportes. Duas questões a observar: uma, a expansão da área agrícola brasileira será fundamental para determinar o preço futuro da soja; a outra, os preços da soja no mercado internacional permanecerão constantes até 2020.
Há a estimativa de que o consumo interno per capita deverá passar de 81 Kg/hab/ano para 82,60 Kg/hab/ano em 2015.
Já a AGE-MAPA estima uma produção de 83,9 milhões de toneladas em 2014/2015. Um consumo de 50,9 milhões de toneladas e uma exportação de 31,6 milhões de toneladas. Para 2006/2007 as projeções da AGE-MAPA, em milhões de toneladas, indicam 62,3 para produção, 38,0 para consumo e 23,0 para exportação. Isto para soja em grão. Para o farelo de soja, 2014/2015, sempre em milhões de toneladas, os números são: 14,5 para consumo e 21,2 para exportação. No caso do óleo de soja, embora façam projeções para produção, consumo e exportação, não consideram "a possibilidade de a soja se tornar um produto para o biodiesel" (pag. 8 do documento).
Etanol.
No Brasil é produzido a partir da cana de açúcar. São os seguintes os dados da AGE-MAPA para produção, consumo e exportação, em milhões de litros:
2006 - 17273, 14222 e 3051;
2007 - 18891, 15394 e 3497;
2015 - 36848, 28365 e 8484.
Nenhuma referência é feita à mamona, ao dendê (palma), girassol, amendoin e pinhão manso.
A AGE-MAPA chama a atenção para a falta de investimentos em infra-estrutura física, notadamente os transportes e a armazenagem. Não há nenhuma referência a possíveis avanços no "emprego de instrumentos privados de financiamento e de proteção ao risco em bolsa de mercadorias e de futuros", constante do Plano Agrícola e Pecuário 2006/2007.
O correto uso das condições para a comercialização a futuro de produtos agrícolas, embora não pareça constar das preocupações da AGE-MAPA, é determinante para a efetiva implementação do PNPB, tanto no que se refere ao etanol como no que é pertinente ao biodiesel.