domingo, maio 14, 2006

Combustíveis Líquidos

A BM&F, o Alcool e a Soja

A relevante questão sobre a produção de combustíveis líquidos alternativos ao petróleo e ao gás natural não parece merecer a atenção dos responsáveis pela formulação de uma política energética para o país.
No momento, o combustível líquido alternativo disponível no Brasil é o alcool, extraído da cana de açucar. Existe a viabilidade concreta (em termos técnicos) do uso do girassol e pesquisas, já em estado avançado, para o uso da soja e da mamona.
O alcool como combustível já é amplamente utilizado.
Não se conhece estudos fundamentados sobre os custos para a produção de biodiesel a partir do girassol, da soja e da mamona, de modo a que se possa determinar o preço por litro ao usuário. Igualmente não se conhece qualquer estudo que permita a formulação de uma política de preços para o alcool combustível.
Para uma política de preços voltada para combustíveis líquidos alternativos o mais correto é a adoção de mecanismos, via BM&F, para a negociação de contratos futuros envolvendo não apenas a matéria prima, mas igualmente o combustível a ser produzido. Os mecanismos para a negociação a futuro de alcool e soja estão já disponibilizados pela BM&F.
No caso do alcool, o que se observa é uma descoordenação entre produtores e distribuidores de combustíveis, o que leva a uma situação de preços oscilantes para o consumidor, sem que o mesmo (o preço) esteja vinculado a qualquer indicador consistente.
A BM&F informa em seu relatório "Estatísticas dos Mercados Físico e Futuro", aqui analisado para os casos do alcool e da soja, as condições hoje existentes no Brasil para este tipo de mercado.
Alcool
Em 2001 foram negociados 67577 contratos referentes a 2025810 m3 a um preço médio entre o primeiro e o segundo vencimento de R$ 623,00. Em 2005 os contratos negociados reduziram-se a 25546 para 766380 m3 a um custo médio de R$ 1133,00.
A produção de alcool anidro que na safra 2000/01 foi de 5620964 m3, subiria para 8216326 m3 na safra de 2004/05.
Soja
Para uma evolução da área plantada, em mil hectares, de 16326,00 na safra 2001/02 para 23301,00 na safra de 2004/05, foram registradas a produção, em mil toneladas, de 46916,90 em 2001/02 e de 51090,00 em 2004/05.
Nesse período houve queda na produtividade de 2567 kg/ha para 2193 kg/ha.
Na BM&F foram negociados a partir de 2003 (nos anos de 2001 e 2002 foram poucos os meses em que foram registradas negociações), em toneladas, as quantidades de 211700 para este ano, 351149 em 2004 e 1209735 em 2005. É muito pouco.
Para se ter uma idéia, na CBOT - Chicago Board of Trade o total do volume negociado do complexo soja foi, em toneladas, 3792383.
Falta, de fato, uma política de comercialização e de preços para produtos agrícolas. Esta política é fundamental para a evolução no Brasil do uso do combustível líquido alternativo ao petróleo, notadamente o biodiesel.