quinta-feira, junho 29, 2006

Combustíveis Líquidos Renováveis

A problemática do efeito estufa e seu consequente aquecimento global indicam algumas soluções que tornam ainda incerto o Pico de Hubbert ( o início do declinio da produção de petróleo).
Tecnicamente é possível injetar CO2, o principal gás causador do efeito estufa, GSF (ou, em inglês, GHG), nos campos de petróleo desativados, liberando o petróleo residual neles contido. Economicamente o custo desta operação é bastante elevado, já que requer o sequestro do CO2 e o seu transporte até o campo a ser explorado desta forma. Minas de carvão mineral, já esgotadas para exploração comercial, podem ser utilizadas na produção de CH4, o metano, que é a base do gás natural, mediante a injeção de CO2 e a sua estocagem no local. O CO2 quando absorvido pelo carvão libera o CH4. Tudo isso a custos muito elevados.
Aguardado como certo, o Pico de Hubbert, juntamente com a instabilidade política em regiões produtoras de petróleo, vêm aumentando o preço deste produto. A par deste processo (aumento do preço do petróleo) diversos países buscam alternativas ao combustível fóssil. O hidrogênio, tido por muitos como a solução, requer para a sua produção um consumo de energia equivalente maior do que a consequida com o seu uso, o que o torna, técnica e economicamente, inviável. Deste modo as atenções se voltam para os combustíveis líquidos renováveis. A Alemanha é hoje o maior produtor de biodiesel e os EUA direcionam seus esforços para a produção do etanol a base de milho.
No Brasil, através da Lei No. 11097, de 13 de janeiro de 2005, inicia-se o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. Este programa, que busca a diversificação da matriz energética, inclui no seu escopo a geração de emprego, a fixação do homem no campo, a redução dos níveis de pobreza e a diminuição das desigualdades sociais.
O Brasil dispõe hoje, através do alcool da cana de açucar, de um dos maiores programas de energia renovável do mundo. Inicia-se o biodiesel.
Tendo como matéria prima a mamona, o dendê, o girassol, o amendoim, o pinhão manso e a soja, o programa avança, em seu início, com a utilização da mamona e da soja. A primeira encontra seu lugar no semi-árido brasileiro, com a sua cultura iniciando-se no Vale do Jequitinhonha, norte de Minas Gerais, extendendo-se até o Piauí e Maranhão. A segunda atravessa um período de grave crise, motivada por diversos fatores, que se torna um adicional de incerteza quanto ao volume futuro de produção de grãos.
A gestão do programa do biodiesel, no que se refere a capacidade de produção, comercialização e distribuição, está a cargo da ANP - Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocumbustíveis. Algumas questões se colocam na efetiva implementação no uso do biodiesel, entre elas a ANP destaca: "dificuldade de padronização da mistura em 2% no período de transição; falta de regularidade de oferta e retiradas; determinação e certificação da qualidade; desconhecimento do produto; descolamento espacial entre produção atual e demanda - impacto nos custos de transporte; adequação da infra-estrutura de distribuição e revenda; uso indireto de óleos vegetais; comercialização do biodiesel sem uso da sistemática de leilões e a otimização e padronização do fluxo de informações". Veremos, na próxima postagem, os leilões de comercialização.