quarta-feira, julho 19, 2006

Economia do Hidrogênio - Reforma do Etanol

O Brasil produz hoje pouco mais de 350 milhões de toneladas de cana de açucar. Nas atuais condições tecnológicas, por tonelada de cana de açucar, é possivel obter cerca de 80 litros de etanol. Resta saber quanto isto representa em hidrogênio e quanto de energia á necessário para a conversão. Independente deste aspecto a produção de cana de açucar terá que aumentar, seja pelo incremento da produtividade por hectare, seja pela expanção da área cultivada ou, preferencialmente, por ambos. Aqui a questão.
As usinas em operação no Brasil tanto podem produzir açucar como etanol, sendo o Brasil um grande produtor e exportador dos dois produtos. Na medida em que a tecnologia para a reforma do etanol avance, países do Caribe e da África serão incluídos no rol dos produtores. Estes países fornecerão o etanol, sendo o hidrogênio produzido nos países que o irão consumir. O Brasil será um produtor do hidrogênio, mas é pouco provavel que o exporte.
Em função da demanda pelo etanol o mercado de açucar será afetado. Para que o etanol seja competitivo com o açucar, cujos preços entrarão em curva ascendente, a produção de cana de açucar, necessariamente, deverá passar por transformações tecnológicas relacionadas não apenas às sementes, mas também ao corte e ao aproveitamento da palha. A especialização das usinas também deverá ocorrer. No Brasil, o mais provável é que apenas aquelas construídas a partir do investimento de capitais de empresas ligadas à indústria de energia serão voltadas, exclusivamente, para a produção do etanol.
Na primeira fase da estruturação da economia do hidrogênio o gás natural será o insumo principal. Isso no Brasil, que a partir de 2009 tornar-se-á um grande produtor desta matéria prima.
Há forte descrença, nos meios científicos, quanto a alcançar a viabilidade econômica para as células a combustível, daí a inexistência de uma data provável para o seu uso. O mais provável é que isto aconteça a partir do estágio, no seu desenvolvimento, em que se torne viável o subsídio governamental. Os governos possuem diferentes capacidade para pagar subsídios, o que indica que as células a combustíveis serão usadas seletivamente. Se de fato se tornarem comercialmente competitivas os mercados de energia estruturar-se-ão de modo próprio. São diferentes as fontes para o hidrogênio.
Enquanto isso não acontece os combustíveis renováveis para uso imediato, etanol e biodiesel, continuarão a ser os mais procurados. O que indica que no Brasil, e outros países produtores, a expanção da cana de açucar se dará de imediato. A cultura da soja poderá ser afetada, pela substituição, mas não o programa do biodiesel. Os leilões já efetuados pela ANP atingiram o volume necessário para a adição de 2% de óleo vegetal ao diesel de petróleo no período de janeiro a dezembro de 2007. A quantidade ofertada foi maior do que aquela a ser suprida pelos ofertantes. A maior parte, 43%, veio do Nordeste, o que indica segurança para que a meta de 2% seja superada antes do previsto.
Uma redução da área plantada com soja poderá, se ocorrer, afetar negativamente a balança comercial brasileira, mas não há perspectivas de que venha a prejudicar os programas de bioenergia em curso no País. Compromissos eventualmente assumidos pelo Brasil diante do IPHE não são fatores que possam, por si mesmos, afetar qualquer programa energético. Estes programas correm em paralelo, de forma bastante independente, com baixos níveis de incerteza, exceto o programa de hidroeletricidade.
Cabe observar que a posição do Brasil no Protocolo de Quioto, Parte NãoAnexo I, começa a ser contestada. Partes Anexo I já iniciam movimento para que o Brasil seja forçado a assumir compromissos de redução de emissões para o segundo período de compromisso, dado que o país já ocupa a quinta posição entre os maiores emissores de GHG (gases de efeito estufa). A medida em que a cana de açucar avançar, as emissóes resultantes das queimadas antes do corte levarão o Brasil a uma posição de difícil sustentação.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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6:40 AM  

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