domingo, julho 16, 2006

A Economia do Hidrogênio

O hidrogênio não é encontrado na natureza no seu estado puro. Para ser extraído de sua fonte de origem, que podem ser várias, é necessário o uso de uma determinada quantidade de energia.
Considerado como sucedâneo dos derivados do petróleo, motivou a criação do IPHE - International Partnership for the Hidrogen Economy, que reúne os esforços de diversos países, sendo o Brasil um de seus fundadores.
Para a sua obtenção o hidrogênio requer uma quantidade de energia maior do que aquela que produz, não sendo, portanto, economicamente competitivo frente às outras fontes alternativas de energia renovável. Por esta razão inexistem agentes responsáveis pela produção e comercialização do hidrogênio energético. A par sua desvantagem econômica o hidrogênio após sua reconversão em energia produz apenas água. É de pequena massa específica com alto poder calorífico. Esta a razão para o interesse que desperta. O desenvolvimento de uma economia do hidrogênio foca o seu esforço nas atividades de Pesquisa&Desenvolvimento e no suporte tecnológico necessário à sustentabilidade do esforço, como também no êxito dos negócios que se relacionam com a nova economia. O objetivo é a sua comercialização a preços competitivos, com qualidade, confiabilidade e segurança no seu fornecimento.
No Brasil busca-se a produção do hidrogênio a partir do etanol, do gás natural, de biomassas e da água.
No seu atual estágio tecnológico o hidrogênio tem o seu consumo no uso industrial. Para fins energéticos inicia-se o seu desenvolvimento. Estima-se que a viabilidade econômica do hidrogênio somente será possível em grande escala. Células a combustível são produzidas como protótipos para entidades de pesquisa e eventuais usuários que buscam conhecer a tecnologia envolvida nas utilidades do hidrogênio.
No Brasil o motivador para o desenvolvimento de uma economia do hidrogênio é o comprometimento do país com a questão ambiental e a diversificação da matriz energética. É um programa de longo prazo, estimando-se que no ano de 2025 haverá a plena participação da indústria nacional de bens e serviços na produção dos insumos, sua conversão em hidrogênio e no transporte, estocagem e distribuição. De igual modo será alcançado o dominio tecnológico para as células a combustível acima de 400 kw.
Até 2015 admite-se o predominio do gás natural como fonte primária de energia a ser convertida em hidrogênio, dado o ainda insipiente desenvolvimento de tecnologias para o uso do etanol e outras biomassas. A partir de 2020 as fontes de energia renováveis deverão ser predominantes.
O hidrogênio como vetor energético deverá ter aplicações na geração distribuída de energia elétrica com fornecimento de alta confiabilidade e em sistemas de co-geração (calor/potência), no transporte urbano, tanto coletivo como carga, no armazenamento de energia na forma de hidrogênio e no atendimento às comunidades isoladas. No que tange a geração distribuída com fornecimento de alta confiabilidade, sua aplicação visa a hospitais, centros de computação, unidades industriais com elevado grau de automação e outros usuários cuja carga elétrica deve ser alimentada de modo initerrupto.
O Decreto-Lei 5163/04, em seu artigo 14, considera geração distribuída a produção de energia elétrica proveniente de empreendimentos de agentes concessionários, permissionários ou autorizados, conectados diretamente no sistema elétrico de distribuição do comprador. As exceções são os empreendimentos hidrelétricos com capacidade instalada superior a 30mw e termoelétricas com eficiência energética inferior a 75%, exceto as que utilizam biomassa ou resíduos de processos como combustível.
Para o transporte urbano a importância do hidrogênio é devida ao fato de ser o Brasil o maior produtor mundial de onibus, todos movidos por motores diesel, com as conseqüêntes implicações na emissão de CO2. Igualmente ganha importância a sua aplicação em máquinas agrícolas, tratores e colheitadeiras, em virtude não apenas do estágio atual da agricultura brasileira, mas, principalmente, em função do incremento ao uso do etanol e do biodiesel, cujas fontes de origem são produtos agrícolas.
A coordenação do processo está a cargo do Ministério de Minas e Energia juntamente com o Ministério de Ciência e Tecnologia. O Roteiro para Estruturação da Economia de Hidrogênio encontra-se disponível no site do MME.