sábado, julho 22, 2006

Florestas Energéticas Cultivadas

Todos os documentos divulgados pelo Governo Federal que, de forma direta, tratam de aspectos da agroenergia ou dos biocombustíveis, enfatizam, como objetivo, a inserção social e o aumento do nível de emprego e da renda familiar. Não é diferente nas Diretrizes de Política de Agroenergia. Como também é inegável que tais objetivos poderão ser alcançados no prazo de três a cinco anos, a depender do que se venha a fazer em ações paralelas aos programas em implantação.
Chama a atenção, portanto, que as florestas nativas não tenham sido incluídas no foco das Diretrizes de Política de Agroenergia.
Florestas cultivadas, aqui no Brasil, são voltadas para a produção de celulose e papel. Recentemente iniciou-se o plantio do eucalipto para a obtenção do carvão vegetal como matéria prima do ferro gusa e existem algumas plantações destinadas ao processamento da essência do eucalipto. Neste caso apenas as folhas são aproveitadas.
No primeiro caso as florestas são uniformes e, se plenamente inseridas no espírito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, como igualmente o são as destinadas à produção do Carvão vegetal e da essência do eucalipto, não possuem nenhuma biodiversidade. Ambas são necessárias, sendo aquelas destinadas ao carvão vegetal um elemento importante no combate ao trabalho escravo.
Quanto ao uso da lenha como fonte de energia, na medida em que avancem os programas de energia alternativa a partir de fontes renováveis, a sua utilidade ficará restrita às áreas completamente desassistidas e/ou isoladas. Em função destas áreas será o consumo grande ou não.
Como fonte exclusivamente de calor o mais provável é que venham de árvores de eucalipto plantadas unicamente para isso.
Em virtude dos compromissos internacionais do Brasil, assumidos através do Protocolo de Quioto e do MDL, do qual é o idealizador, o que o documento Diretrizes de Política de Agroenergia reconhece, seria conveniente uma ação para as florestas já existentes, com biodiversidade própria e ameaçadas pela ação predatória do homem, como é o caso da Mata Atlântica.
As florestas nativas produzem, com o amadurecimento, uma enorme quantidade de biomassa, constituída de folhas, ramos secos, casca das próprias árvores e frutos caídos. Estudos realizados em países europeus indicam que o aumento anual de biomassa por metro quadrado é de um quilo e meio, com valor calorífico equivalente a 1/3 do petróleo. As florestas brasileiras são mais produtivas que as européias, cobertas de neve durante parte do ano.
O trabalho de recolher a biomassa depositada, feito por um trabalhador pode atingir até mil metros quadrados por dia. Uma central termoelétrica de 5mw necessita de 30000 toneladas de biomassa por ano , o que significa, para florestas européias, a recolha de 1300 ha por ano. Como o tempo para que esses 1300 ha produzam, novamente, 30000 ton é de cinco anos, o tamanho total da área é de 1300 x = 6500 ha.
No Brasil as variações climáticas ao longo do ano não são muito significativas, variam mais em função do regime de chuvas, mais abundantes em alguns anos, o que pode significar uma área de floresta nativa menor do que os 6500 ha por cada termoelétrica.
Em paralelo ao programa de agricultura familiar, grupos de 4 a 5 trabalhadores fariam o trabalho de recolha, trituração e entrega da biomassa na termoelétrica correspondente.
Ao tratar de resíduos agroflorestais as Diretrizes de Política de Agroenergia referem-se a resíduos antrópicos a serem utilizados pelos próprios produtores, levando em conta a cana de açucar e pastagens, as duas atividades que mais ameaçam a classificação do Brasil como Parte Não Anexo I do Protocolo de Quioto, agora que a soja perdeu o ímpeto inicial.
A implementação de mecanismos para o aproveitamento da biomassa de florestas nativas pode ser feito a partir do Programa Nacional de Florestas, instituído em 2003, antes, portanto, das Diretrizes de Política de Agroenergia, com o objetivo de promover o uso equilibrado e a conservação das florestas brasileiras.

3 Comments:

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