quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Fórum Social Mundial

O Fórum Social Mundial foi criado como resposta ao Fórum Econômico Mundial que se realiza anualmente em Davos, Suiça. Enquanto este reune governos e a elite financeira e empresarial internacional o FSM congrega organizações e ativistas da sociedade civil que, em princípio, se opõem à dominação global por parte do capital.
Reunidos pela primeira vez em 2000, na cidade de Porto Alegre, vem se realizando ano a ano, sempre em paralelo ao encontro de Davos. Neste 2007 o FSM ocorreu em Nairóbi, Quênia.
Ainda que em oposição ao grande capital os organizadores não sinalizam o caminho a seguir e, aparentemente, não o conhecem. As manifestações são variadas.
Organizações feministas organizadas em torno do desenvolvimento da mulher como tema central - um tema por si complexo, que envolve desde a segurança de seus filhos que padecem de violências associadas às guerras, à posse da terra e ao acesso a água, até a participação mais justa na distribuição dos recursos globais e no compartilhamento da condução da sociedade como um todo, ao lado de organizações religiosas cristãs esforçadas em trabalhos humanitários e sociais, buscam ampliação para suas ações em busca do princípio básico do "governo melhor", da promoção da paz, do alívio da pobreza e da fome e no combate a doenças endêmicas, como a AIDS.
O FSM é organizado em torno de painéis, oficinas, simpósios e sessões de apresentação de filmes e documentários. O objetivo á contrapor-se aos ditames do imperialismo e de suas políticas neo-liberais e neo-colonialistas que devastam as economias dos países pobres, destroem o meio ambiente, promovem a guerra e ampliam a exploração do ser humano em torno do mundo. A marginalização das mulheres e a privação dos direitos de participação aos jovens são temas recorrentes.
A Carta de Porto Alegre define o FSM como "um lugar aberto de reunião de grupos e movimentos da sociedade civil opostos ao neo-liberalismo a ao mundo dominado pelo capital ou qualquer forma de imperialismo que estejam comprometidas com a construção de uma sociedade planetária concentrada na pessoa humana para conjugar seu pensamento, debater suas idéias, formular propostas, compartilhar suas experiências e criar redes de ação efetiva".
É coordenada por um Conselho Geral formado por organizações, instituições e movimentos signatários da Carta de Princípios do FSM e comprometidos com a resistência à globalização imperialista, ao tribalismo, à intolerância religiosa, ao regionalismo, ao sexismo e ao patriarcado. O FSM mantém um espaço comum na world wide web aberto a todas os participantes do Conselho Geral para divulgação de fatos, eventos e idéias comuns, bem como para preparar atividades conjuntas.
A reunião de Nairóbi foi a primeira a realizar-se na África, um continente vitimado pala dominação estrangeira, pelo colonialismo e agora pelo neo-colonialismo. Uma África em busca de uma sociedade humana mais progressista. O tema para 2007 foi "As Lutas das Pessoas, as Alternativas das Pessoas", organizado em torno de 9 macrocampos de ação:

1- Construir um mundo de paz, justiça, ética e respeito pelas diferentes espiritualidades.

2- Liberar o mundo da dominação do capital financeiro e multinacional.

3- Assegurar o acesso universal e sustentável aos bens comuns da humanidade.

4- Democratizar o conhecimento e a informação.

5- Assegurar a dignidade, defendendo a diversidade, garantindo a igualdade dos gêneros e eliminando toda forma de discriminação.

6- Garantir os direitos econômicos, sociais e culturais, especialmente os direitos à alimentação, ao cuidado da saúde, à educação e moradia, ao emprego e ao trabalho digno.

7- Construir uma ordem mundial baseada na soberania, na auto-determinação e no direito dos povos.

8- Construir uma economia sustentável e centrada nas pessoas.

9- Construir estruturas e instituições políticas reais e democráticas com a participação das pessoas nas decisões e no controle dos assuntos e recursos públicos.

Iniciada no último dia 20 extendeu-se até o dia 25. Os três primeiros foram dedicados a atividades relacionadas com os objetivos listados acima e o quarto dia para a preparação de ações comuns e serem desenvolvidas ao longo do tempo até a realização do oitavo FSM. Especificamente em torno dos seguintes temas:

1- HIV-AIDS

2- Alimentação

3- Privatização de bens essenciais (evitar a).

4- Os sem terra.

5- Pão e conflito.

6- Migração e diáspora.

7- Memória de pessoas e suas lutas.

8- Juventude.

9- Dívidas Públicas.

10- Acordos de livre comércio.

11- Moradia.

Em Nairóbi foi apresentado o Manifesto da Campanha Mundial por uma Reforma Profunda do Sistema das Instituições Internacionais, no qual é defendido a participação da sociedade civil, através de suas ONGs, nos processos globais de tomada de decisões, a integração do Banco Mundial, do FMI e da OMC no sistema ONU e a reforma desta última de forma a torna-la um forum mundial mais forte e mais democrático para acabar com as desigualdades sociais do planeta. Foram iniciadas ações comuns para o cancelamento das dívidas dos países pobres, principalmente daquelas formadas em períodos de ditaduras irresponsáveis, como recurso prioritário para que esses países possam alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A violência contra a mulher, a pandemia da AIDS e o manejo errado das doses de anti-retrovirais foram alguns dos relevantes trabalhos apresentados a geradores de ações comuns . De igual modo a abolição dos trabalhos forçados (escravos) e infantil e o respeito aos princípios trabalhistas motivou iniciativas para envolver movimentos empresariais na valorização da pessoa humana. Ao encerrar-se em sua última edição o FSM havia reunido em torno de 150000 delegados de todo o mundo e promovido mais de 1000 atividades em 106 espaços reservados para os trabalhos.