segunda-feira, janeiro 29, 2007

PAC - Programa de Aceleração do Crescimento - Comentários

Na postagem do dia 13 de dezembro, a primeira parte da análise do Projeto Brasil 3 Tempos, chamava a atenção para a inadequada estrutura organizacional do Poder Executivo, para a inexistência de Políticas Nacionais para os diferentes setores da economia e para o modelo de Orçamento em uso no Brasil.
Com o PAC o governo emite sinais de descoordenação estrutural. Pelo que pode ser visto no documento de 102 páginas em que o Programa de Aceleração do Crescimento é exposto, o Projeto Brasil 3 Tempos não foi considerado. O NAE - Núcleo de Assuntos Estratégicos é um órgão da Presidência de República.
O Projeto Brasil 3 Tempos agrupa 50 temas estratégicos, um número excessivo de fato, mas de um modo que, se conduzidos por uma ação que busque soluções estratégicas para cada um deles,indicam um sentido comum.
O PAC volta-se unicamente para investimentos em infra-estrutura, o trigésimo quarto dos 50 temas estratégicos, e deixa entrever alguma articulação entre os entes federados, o trigésimo sexto tema estratégico.
Na página dois, estabelece ser a expanção do investimento em infra-estrutura premissa para a aceleração do desenvolvimento sustentável, em um aparente desconhecimento do sentido exato desta expressão.
Na página quatro, indica o objeto do PAC - investimento em infra-estrutura logística, energética e social e urbana, tendo indicado anteriormente ser necessário para isso "planejamento estratégico de médio e longo prazo". Como logo a seguir informa os critérios de seleção, sendo o primeiro "projetos com forte potencial para gerar retorno econômico e social" e o quinto e último "conclusão de projetos em andamento" aparentemente esse planejamento estratégico ainda não foi feito.
Para que o PAC se torne um programa de ação foi estabelecido o CGPAC - Comitê Gestor do PAC formado pelos Ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão, da Fazenda e a Casa Civíl. Caberá ao CGPAC "coordenar as ãções necessárias à implantação do PAC em conjunto com os Ministérios Setorais responsáveis pelas medidas"(pag.7).
Coordenar não é decidir sobre a ação, esta é o resultado de uma decisão anterior e que deverá, ou deveria, ser executada. Quando mais de uma ação é necessária para implementar a decisão cabe a coordenação. Como o planejamento estratégico ainda ainda não foi feito, ocorreu a decisão antes que o resultado esperado fosse conhecido. Planejamento, estratégico ou não, envolve objetivos e metas. Há que ter resultados que possam ser certificados mediante alguma metodologia reconhecida como válida. O PAC não estabelece nenhum objetivo que possa ser mensurado por qualquer medida além do valor global.
A implementação do PAC, independente de resultados, causará forte impacto nas esferas de influência dos Ministérios do Trabalho, do Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia. Os ministérios diretamente envolvidos, Minas e Energia, Transportes e Cidades representam, na verdade, a menor parte do esforço necessário ao bom andamento do PAC. Isso não parece ter sido levado em conta.
Por outro lado, o representante do Brasil no exterior, de modo especial na OMC, é o Ministério das Relações Exteriores que, ainda não é, terá que ser um dos principais atores na execução do PAC. De igual modo não caberá ao Ministério do Meio Ambiente apenas a concessão de licenças ambientais.
A União Européia, como Membro da OMC, representa o maior produtor, exportador e importador do mundo. A Rodada de Doha, no âmbito da OMC, encontra-se com suas negociações suspensas em razão das diferenças entre a UE e os EUA, maior PIB, maior consumidor e maior emissor de gases de efeito estufa do mundo.
O aquecimento global vem causando acentuado impacto negativo na economia desses dois atores internacionais. No Brasil, o crescimento desordenado na agricultura, o desflorestamento para expanção das lavouras de cana de açúcar e soja e resultante da exploração ilegal de madeira, as queimadas nas áreas desmatadas e nas plantações de cana de açúcar antes da colheita provocarão forte pressão da UE sobre o Brasil - e dos EUA para impor compromissos como condição para ratificar o Protocolo de Quioto. O PAC, se levado a têrmo, será um indutor de todas as razões provocadoras das pressões externas. Cada um dos Ministérios envolvidos, listados acima, deveriam estar mobilizados para participação estratégica, sem as quais não serão possíveis os resultados desejados pelo PAC. Dinheiro e medidas monetárias e fiscais não são suficientes.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

A Mudança do Clima e o Desenvolvimento Sustentável

Para os países desenvolvidos o crescimento econômico foi obtido através da atividade industrial, basicamente alimentada pelo uso dos combustíveis fósseis, cuja queima é o principal fator do aquecimento da Terra. Para os países em desenvolvimento o crescimento econômico é o principal objetivo. O desafio que se apresenta a todos é criar condições que permitam condições de vida digna para seus cidadãos a custos ambientais mínimos.
Há muita discussão no âmbito da UNFCCC sobre a relação entre o crescimento do PIB e o aumento das emissões. A atividade econômica estaria intimamente ligada ao meio ambiente. De fato está, mas não indica necessariamente que a expanção econômica resulte em mais GHG. Na Europa, alguns dos maiores PIBs per capita do mundo apresentam níveis de emissões per capita bastante inferiores a muitos países em desenvolvimento.
É certo que Índia e China, que no último decênio registraram as maiores taxas de crescimento econômico, tornaram-se grandes emissores, mas o Brasil, com a economia quase estagnada no mesmo período, tornou-se o quarto maior emissor. Para o Brasil foi um período de desindustrialização e de crescimento da produção agropecuária.
O que se constata é que o agronegócio no Brasil não tem nenhum compromisso com a sustentabilidade do meio ambiente, do qual depende a sua própria sustentabilidade, e não resultou em crescimento econômico.
O desenvolvimento sustentável propõe uma relação estável e produtiva entre a atividade econômica e o mundo natural, de modo a garantir a perpetuidade das condições de vida segura no planeta Terra. O que se procura encontrar nas Conferências das Partes é o modo de criar as instituições multilaterais que fortaleçam as capacidades necessárias para enfrentar os numerosos e complexos temas que se apresentam. É dar sentido a definição do que seja desenvolvimento sustentável: " um desenvolvimento que satisfaça as necessidades do presente sem pôr em perigo a capacidade das gerações futuras para atender as suas próprias necessidades."
Nos últimos anos grande atenção foi dada à possível redução da capacidade de produção dos campos petrolíferos em operação. Conhecido como o Pico de Hubbert indicaria o início do declínio
das condições que garantem o atual modo de vida na Terra, dependente que é de uma enorme quantidade de produtos gerados a partir da petroquímica. As descobertas de novas ocorrências de petroleo tornam incerto o Pico de Hubbert, mas o que permanece como certo é que a combustão desses depósitos significará a liberação de tanto dióxido de carbono na atmosfera que, muito antes do fim do petróleo, esse mesmo modo de vida será substancialmente alterado, conseqüência do chamado "efeito estufa".
Nas atuais condições de vida e de degradação do meio ambiente a única opção disponível é compartilhar os riscos e as responsabilidades mediante uma ampla cooperação internacional com a participação de todos os níveis da sociedade, tanto nacional como regional e global.
A União Européia, a partir de 2002, vem adotando como estratégia para o desenvolvimento sustentável medidas que objetivam limitar o aumento da temperatura mundial a menos de 2 graus Celsius acima dos níveis da era pré-industrial.
Os países em desenvolvimento, desde o Protocolo de Quioto, que não estabelece compromissos para as Partes NãoAnexoI - grupo no qual estão inseridos, quando desenvolvem atividades relacionadas à mudança do clima, o fazem, basicamente, em função dos interêsses financeiros de seus promotores e quase nunca voltados para a sustentabilidade. Alguns vêm promovendo a busca de maior eficiência energética através do maior uso de energia renovável.
Os países de economia em transição (antigo bloco soviético) evoluem na capacidade de realização de inventários e nas comunicações nacionais, bem como em políticas voltadas para o comércio dos direitos emissão.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Mudança do Clima - Modelos de Projeção

Em razão da complexidade do sistema climático mundial previsões precisas são muito difíceis de serem feitas. Os que os modelos buscam é reduzir os níveis de incerteza, é permirir a elaboração de cenários alternativos que reflitam a dimensão do problema de modo a mobilizar governos, e público em geral, para a adoção de medidas de mitigação e de adaptação.
Todos os países precisam adotar políticas públicas para combater o aquecimento de Terra, mas em circunstâncias diferentes. As emissões de GHG são muito distintas entre países e regiões de geografia e cultura desiguais.
As informações disponíveis e necessárias para o processo decisório são incompletas e suas conseqüencias somente poderão ser observadas no longo prazo. Essa é uma das maiores dificuldades. Os planos econômicos, no atual estágio do aquecimento global, devem levar em conta as mudanças climáticas que afetam a totalidade das economias nacionais em um interelacionamento a nível global. Não existem fronteiras na natureza e esse é outro problema. Planos e medidas nacionais cada vez mais precisam ser fundamentados em dados internacionalmente comparados. A Conferência das Partes é uma resposta a essas dificuldades e vem buscando melhorar a qualidade e a coerência das informações (cada país participante é Parte da UNFCCC e são coordenados por sua Secretaria Geral).
Os inventários de emissões de gases (GHG) são feitos regularmente e é através deles que se procura realizar estimativas de emissões e suas tendências. Há aqui outra dificuldade, os informes dos países em desenvolvimento são menos precisos, o que leva à necessidade de estabelecer um sistema internacional de informações climáticas baseado em inventários anuais e na igual preparação das comunicações nacionais e na avaliação técnica de cada uma delas.
Os países em desenvolvimento têm problemas para apresentar os seus informes, particularmente a falta de dados de alta qualidade e a dificuldade em garantir a continuidade e estabilidade na preparação dos inventários nacionais. A assistência técnica e financeira a esses países é prestada com o apoio do Fundo para o Meio Ambiente Mundial e seus organismos de execução, como também por programas multilaterais e bilaterais adicionais, muitos a partir de iniciativas da OCDE.
O Protocolo de Quioto distingue os países em Parte AnexoI e Parte NãoAnexoI. Os primeiros possuem compromissos de redução de emissões e vêm apresentando uma constante melhoria na qualidade de seus inventários, o que amplia e melhora a assistência técnica às Partes NãoAnexoI que, se são desobrigadas de compromissos, devem, ou deveriam, apresentar seus inventários.
De modo geral os níveis de emissões aumentam com o PIB per capita, embora não haja uma correlação entre o volume do PIB e o total das emissões. Alguns países mais ricos são muitas vezes menores emissores do que outros de nível econômico inferior.
As variações registradas indicam algumas circunstâncias nacionais, como por exemplo o crescimento econômico, maior em alguns países e que pode estar associado ao aumento das emissões, embora não seja uma regra quando a comparação é feita entre as Partes AnexoI e Partes NãoAnexoI.
Os países em transição apresentaram reduções significativas nos níveis de emissões, mas experimentaram diferentes crises economicas, sem relação entre si. Também são diferentes as medidas que cada um adotou para reduzir as emissões.
São muitos os fatores que influem nas avaliações e consequentes projeções, a questão é comportar-se de modo distinto. Um grupo de países, em ação coordenada, conseguiu um crescimento do PIB de 22,6% enquanto reduzia suas emissões em 6,6%.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Mudança do Clima - Perspectivas Futuras

Muitos anos de investigação indicavam a realidade do aumento da temperatura média mundial.
Em 1990, o IPCC abordou algumas questões urgentes, mas o conhecimento era antão limitado a alguns setores chave da mudança climática, como as fontes e sumidouros dos gases de efeito estufa (GHG) e o modo de intereção entre as nuvens, os oceanos e as calotas polares. Eram grandes as dificuldades para formular projeções sobre as mudanças no clima, principalmente sobre sua cronologia, magnitude e efeitos regionais.
Em 1995, foram confirmadas as principais conclusões de 1990. Tornava-se evidente a influência humana na mudança do clima e o quanto o processo estava avançado. Nos cem anos anteriores a temperatura da Terra havia aumentado 0,5 graus Celsius.
Alguns efeitos eram perceptíveis e tornava-se possível antecipar suas conseqüências para o meio ambiente e avaliar os impactos sobre os ecossistemas e como as populações humanas seriam afetadas. Ainda assim permaneciam as incertezas e a ausência do saber em certas áreas do conhecimento que dificultavam em muito a compreensão do problema.
A aceitação da mudança do clima era, e continua sendo, fortemente afetada pelo temor às possíveis perdas econômicas, razão porque foi formulada uma estratégia que pudesse ser aceita na época e adaptada aos novos tempos a medida em que novas informações fossem levantadas.
O IPCC concluia, em 1995, ser necessário uma intervenção internacional que tornasse possível o enfrentamento do problema sem provocar transtornos na economia mundial e no crescimento econômico dos países em desenvolvimento. É essa a origem do Protocolo de Quioto.
Em 2000 as incertezas e o desconhecimento de fatores possivelmente relevantes eram já bastante reduzidos, mas a estimativa dos custos, que requeria atribuir valor monetário aos sistemas ecológicos e a saúde humana, era muito difícil. Além disso os custos se distribuem de modo muito irregular afetando, segundo estimativas de então, provavelmente muito mais os países localizados nas regiões de baixas latitudes, ou seja, próximos a linha do Equador.
Os estudos sobre o aquecimento da Terra encontravam-se em fase inicial, sendo ainda muito baixos os níveis de certeza quanto a possíveis ocorrências (a intensidade do furacão Katrina e a atual ausência de neve no inverno europeu não foram previstas). Para que isso venha a ser possível são necessárias observações em longo prazos e de alta precisão que examinem a história do sistema terrestre e sua situação atual, assim como os níveis de variabilidade.
Algumas informações podem ser obtidas através de satélites de observação, tais como a radiação solar total, o balanceamento da radiação na Terra, a cobertura vegetal, a produtividade da biomassa dos oceanos, os níveis de ozônio na atmosfera, os níveis de vapor de água na estratosfera e a distribuição dos gases de efeito estufa. Podem facilitar informações sobre o nível dos mares, as condições da superfície dos oceanos, as correntes de vento, as nuvens e as presipitações pluviométricas, mas não são suficientes. Medições in loco são indispensáveis.
Níveis dos lençóis aquíferos, retenção de carbono, temperatura da superfície da Terra e dos oceanos, velocidade e mudança do vento nas diversas regiões do planeta são fenômenos cujos efeitos imediatos não podem ser medidos a partir da observação do espaço. É preciso ainda medir as emissões e descarga no mar de substâncias contaminantes. É preciso saber o que se passa no fundo dos oceanos e como se comportam as correntes submarinas.
Grande parte das atividades de monitoramento da Terra são estimuladas e orientadas pela Organização Mundial de Observação do Clima, organismo estabelecido em 1992. Em 2001 eram 989 pontos de observação.

sábado, janeiro 13, 2007

Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima - II

Para uma redução significativa das emissões a prazo longo é necessário o uso de novas e mais eficientes tecnologias. Isso vem sendo feito no desenvolvimento de sistemas combinados de calor e energia e nos avanços na economia do hidrogênio e em sistemas de células a combustíveis.
Estimativas da UNFCCC indicam que melhorias tecnológicas podem permitir uma redução nos índices de emissões aos níveis anteriores a 2000, antes de 2020.
São muitas as opções tecnológicas disponíveis. Não apenas medidas para redução de emissões, mas, tão importantes quanto, para adaptar-se aos fenômenos conseqüêntes da elevação da temperatura média, das alterações nas estações do ano, bem como da maior freqüência dos eventos atmosféricos extremos.
Nos anos que se seguiram a Convenção foram realizados estudos para avaliar os efeitos do aquecimento global, quando foram elaborados vários cenários possíveis a médio e longo prazo. Ainda que insuficientemente detalhados para determinar os principais efeitos, foram importantes para estabelecer as opções e prioridades para a adaptação.
Nos anos mais recentes os estudos foram baseados no coeficiente de vulnerabilidade, considerando a variabilidade climática registrada e a forma como as populações estão se adaptando. Foram incluídos a avaliação dos riscos a partir de cenários mais detalhados que envolvem as mudanças observadas tanto no ambiente natural quanto no ambiente sócioeconômico, que permitem maior acuidade no esforço de antever o futuro.
Ao longo desses anos vem sendo registrado uma maior atividade de governos e ONGs em colaboração com os meios científicos no esforço de sensibilizar a opinião pública de modo a conseguir uma melhor compreensão e maior participação, transformar uma preocupação abstrata em uma experiência vivida.
O Protocolo de Quioto veio com o objetivo de garantir a implementação e a verificação adequada da aplicação de medidas relacionadas à Convenção. Por seu intermédio foram viabilizados os recursos financeiros necessários às medidas de redução de emissões. Em 2001 tornou-se realidade o MDL - Mecanismo do Desenvolvimento Limpo, através do qual os países industrializados podem financiar projetos de mitigação nos países em desenvolvimento, que contribuam para o desenvolvimento sustentável. Os créditos recebidos nos projetos podem ser utilizados para o cumprimento dos compromissos assumidos no Protocolo. De igual modo foi estabelecido que países industrializados podem adquirir créditos de emissão apoiando financeiramente projetos de outros países industrializados. É possivel ainda o comércio dos direitos de emissão, que autoriza os países que não cumpram as metas de redução a comprarem quotas não utilizadas por outros países. Essas três modalidades constituem o mercado de carbono.
O aquecimento da Terra e a mudança climática constituem hoje a mais séria ameaça à humanidade, excluídas as guerras com o uso de armas de destruição em massa. Para o seu tratamento é necessário um planejamento vigoroso e detalhado que seja flexível e facilmente adaptável, de modo a permitir a cada país avançar de acordo com suas características nacionais.
O objetivo é estabilizar a concentração de gases de efeito estufa em um nível que impeça a interferência humana, negativamente, no sistema climático.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança de Clima

Em vigor desde março de 1994 foi o primeiro passo no esforço de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GHG - Greenhouse Gases). A questão que se colocava e cuja importância cresce a cada dia, o aquecimento da Terra, requer um longo caminho a ser percorrido. É necessário compreender em toda a sua amplitude o sistema climático mundial, adotar medidas que reduzam as emissões de GHG e conseguir o necessário apoio aos esforços para a mitigação e adaptação.
O mais importante dos GHG é o dióxido de carbono que, de uma concentração na atmosfera de 280 p.p.m. (partes por milhão), elevou-se para 368 p.p.m. nos últimos 200 anos, o que corresponde ao período que se inicia com a "revolução industrial".
Sabe-se que mantido o nível atual de emissões a concentração atmosférica continuará aumentando durante séculos. Estima-se que em 2100 o índice poderá chegar, na hipótese mais otimista, a 540 p.p.m. podendo atingir até 970 p.p.m. Em conseqüência, a temperatura média mundial poderá aumentar entre 0,8 e 2,6 graus centígrados em 2050, elevando-se ainda de mais 1,4 a mais 5,8 graus centígrados em 2100.
No período pós "revolução industrial" o aquecimento da Terra é resultado da atividade humana, nos próximos 50 anos será a resultante de eventos atmosféricos extremos como furacões, inundações e secas.
Os efeitos sobre a economia mundial, se pequenos inicialmente, a medida em que se intensifique o aquecimento global, poderá chegar a reduções, no PIB médio dos países desenvolvidos, de até 2% nos próximos 10 anos. Ainda que não inteiramente conhecidos os custos dos efeitos e seus riscos são, com certeza, bastante mais elevados do que aqueles resultantes dos esforços de mitigação e adaptação.
Os objetivos estabelecidos pela Convenção em 1994, para o fim do século XX, tinham como base o inventário de 1990. Nesse período de 10 anos registrou-se uma redução, no conjunto de países industrializados, de 6,6%. Essa redução, no entanto, foi causada por uma queda de 39,7% nas emissões dos países de economia em transição (antigo bloco soviético) que experimentaram forte contração econômica e que compensou, com margem positiva para a redução, o aumento de 7,5% dos países altamente industrializados. O elemento principal foi o dióxido de carbono no setor de transportes.
Nos países em desenvolvimento a agricultura é o setor que registra o maior aumento das emissões.
O centro da questão é o crescimento econômico e até que ponto é inócuo ou não para o clima. No período analisado as emissões cresceram mais lentamente do que o PIB. No entanto, isso ocorreu devido a descontinuidade de um determinado tipo de industria nos países em transição em benefício do setor de serviços, que utiliza menos energia.
189 países são partes na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima e para desacelerar ou inverter as emissões de GHG todos os governos devem elaborar, e implementar, políticas que permitam combater o aquecimento global. Essas políticas precisam ser coerentes e integradas ao desenvolvimento sustentável, conseguir produção econômica com menor utilização de combustíveis fósseis, aumentar o uso de fontes alternativas de energia, ou seja, aumentar a eficiência energética na industria, na construção, nos transportes e no uso dos eletrodomésticos.
Nos países desenvolvidos as medidas mais utilizadas são de caráter fiscal, particularmente para as indústrias com grande concentração de energia. O Protocolo de Quioto, assinado em 1997, somente entraria em vigor em fevereiro de 2005, ainda assim muitos países introduziram sistemas nacionais que autorizam a comercialização dos direitos de redução de emissões, uma primeira etapa para o "mercado de carbono", que teve seu início em 2002.
Os países da OCDE, durante o período de 1998 - 2000, destinaram US$2,7 bilhôes para programas bilaterais de assistencia técnica para a redução das emissões. O Fundo para o Meio Ambiente Mundial, nos anos de 1995 a 2003 destinou US$1,25 bilhoes para atividades relacionadas à mudança do clima, com a geração de outros US$6,2 bilhões em financiamentos adicioanis. (continua)

quarta-feira, janeiro 03, 2007

2007 e suas Perspectivas

Quanto ao possível desempenho da economia brasileira o mais provável é um resultado inferior àquele de 2006.
O ano começa com um equívoco, como o início de um novo governo.
A reeleição é apenas a continuidade do mesmo governo, o que se constata pelas férias do Presidente e de vários de seus Ministros. Senadores e Deputados, grande parte dos funcionários públicos dos três poderes e quase toda a atividade acadêmica, também gozam do descanso anual. A eleição dos presidentes da Cãmara dos Deputados e do Sanado, a cada dois anos, paraliza os trabalhos legislativos muito além do tradicional recesso parlamentar. Dos doze meses do ano, dois estão perdidos.
O Orçamento para 2007, aprovado no mês de dezembro, não indica que será efetivamente cumprido, já que restam a pagar do orçamento anterior pouco mais de R$17 bilhões, relativos a investimentos feitos em 2006. Admitindo-se que representem contratos de serviços (execução de obras) não é crível que os prestadores desses serviços venham a desistir de novas contratações, ao contrário, o mais provável é que venham a insistir em novos contratos ou em aditamentos aos antigos. A parcela a receber será repassada aos novos preços o que resultará na distorção dos valores a serem investidos em 2007. O que for pago "dos restos a pagar", diretamente ou via repasse a novos contratos, não provocará nenhum incremento no meio circulante, o que significa que a quantidade de dinheiro em circulação não aumentará. É esse aumento que faz a economia crescer.
Os meses de janeiro e fevereiro, incluído o Carnaval, período de férias, se reduzem a atividade em certos segmentos da economia nos setores de serviços ligados ao turismo são meses de intensa atividade, o que provoca uma irrigação monetária em grandes regiões do Brasil, como o Nordeste, a Amazônia e o Pantanal. Essa irrigação, e o aumento da circulação monetária dela resultante, estimula a atividade econômica em todo o país.
Em 2007, isso não deverá ocorrer de modo amplo em função do colapso da aviação civil e da degradação da malha aérea da VARIG. A inoperância das empresas concorrentes e a falta de estrutura e visão estratégica da ANAC, resultaram no cancelamento de uma considerável quantidade de "pacotes turísticos" e/ou no "encalhe" de outra considerável quantidade. A paralização da VARIG para viagens ao exterior e a pouca expressão de suas concorrentes nacionais nesse segmento, transferiu para empresas estrangeiras a quase totalidade do movimento. Empresas estrangeiras de aviação não empregam no Brasil, não pagam impostos no Brasil, não possuem fornecedores no Brasil. O valor gasto com passagens nessas companhias, na realidade reduzem a circulação monetária interna. Turistas estrangeiros compram passagens e "pacotes" nos seus países de origem, hospedam-se em hotéis de propriedade de redes internacionais, movimentam internamente, no Brasil, o que é conhecido como "economia informal", sobre a qual, embora nacional, pouco se sabe no Brasil.
O aumento do salário mínimo, para R$380,00, é muito pouco para provocar grandes estímulos ao consumo e não deverá ser acompanhado de igual percentual para as aposentadorias. Por outro lado, a maior parte do consumo de 2006 foi feita mediante pagamento parcelado através de cartões de crédito, cujo custo para o usuário é substancialmente elevado, e necessáriamente terá que ser pago.
O aumento dos gastos do governo, que se faz de forma desordenada, não provocará nenhum incremento mensurável na atividade econômica, já que vem em seguida a uma campanha eletoral que, se não custou a mesma coisa não deve ter sido muito diferente, no cômputo geral é uma pela outra.
Os preços do álcool combustível deverão entrar em curva ascendente nos primeiros dias de janeiro, aproveitando o aumento das viagens de automóveis resultante da redução na demanda por transporte aéreo. Esse aumento não deverá ser compensado pela redução do preço da gasolina, o que significa uma redução no consumo de bens e serviços. O aumento dos lucros das usinas de álcool beneficia pessoas cuja faixa de renda tem como característica o consumo inelástico.
Como não há nenhuma política de preços para os combustíveis, nada indica uma reversão nessa tendência.
O crescimento do PIB brasileiro em 2006 será pouco superior a 2,5%, tendo sido o ano bastante favorável. Em 2007 deverá ficar entre 1,7% e 2%.